Di Móveis - Edição 14 - page 65

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ARTE
| GIULIANO MARTINUZZO
| EDIÇÃO
14
Vocêmudou omaterial utilizado nas obras desde o início de sua
carreira até agora?
Sim.No começo eu utilizava uma caneta que era como
um pincel atômico com tinta de carimbo.Depois com o
tempo,descobri outrosmateriais comoografite.Também
utilizei pincel no início, mas não me acostumei porque
não estava usando o pincel certo.Nesta época, a minha
inspiração não era amesma de hoje ou talvez o resultado
não me trouxe o que eu queria. Por um longo período,
também usei a caneta posca, que é à base de água e tem
ponta de feltro. É maravilhosa para retocar, mas faz um
traçadomuito certinho.Assim, experimentando, cheguei
aonanquim que hoje é tudo paramim.
E como surgiu a ideia do bodyart,de colocar a sua obra no corpo
das pessoas?
Observando, cheguei à conclusão de queminha arte ti-
nha tudo a ver com as curvas de um corpo humano,
principalmente com as curvas femininas.Desde o início
da carreira, eu sabia que queria executar este trabalho,
mas não tinha ideia de como fazê-lo.Quatro anos de-
pois, achei que era hora de colocar o projeto em prática.
Fui para o estúdio para ver como ficaria o resultado.Fiz
os desenhos e fizemos uma sessão de fotos.Me encantei
pelo resultado porque nomomento da criação não vejo
como um corpo, vejo uma superfície com curvas e me
deixo levar pela intuição.Omeu trabalho é muito in-
tuitivo, não é algo que eu faço desenhando com o lápis
para depois passar a limpo. É algo que vai acontecendo,
onde o subconsciente falamuito alto.E foi evoluindode
uma forma em que eu adorei o resultado, ficou muito
bom.Tantoqueumdemeus objetivos é realizar uma ex-
posição com vários fotógrafos de diferentes áreas sobre
a perspectiva dos corpos desenhados,promovendo assim
um ensaio com diferentes visões.
O que você procura analisar para desenvolver o seu trabalho?
Você estuda o local ou a personalidade das pessoas?
Eu gosto muito de analisar a personalidade, mas tam-
bém façoquestãode observar o local e conhecer o estilo
do ambiente onde vou trabalhar. Observando, consigo
refletir na parede parte das características das pessoas.
Para uma pessoa mais arrojada faço espessuras e linhas
diferentes, as linhas sãomais fortes para uma pessoa um
poucomais ousada e as linhas sãomais contidas para um
ambiente mais tradicional.Capto sutilmente as particu-
laridades para aplicá-las na parede. Gosto de entender as
energias das pessoas para aplicá-las nas obras.O design
de interioresme trouxeuma certa experiência para fazer
esta análise.Em uma residência, por exemplo, as pessoas
conviverão com a arte todos os dias e por isso precisam
gostar dela.
FOTO
THAY RODRIGUES
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