Villagres - Edição 08

9 Associar técnica e arte, para produzir alta qualidade, parece ser uma das correntes de pensamento do escri- tório. Na prática, como é possível notar essa mistura na arquitetura? Para nós, arquitetura e arte sempre foram complementares. Nossos pais, Carmela Gross e Marcello Nitsche, são artistas plásticos e também trabalharam muito com arquitetos e pro- fessores de arquitetura e arte, como Paulo Mendes da Rocha e Flavio Mota. Entendemos que o processo de criação, tanto na arte como na arquitetura, passa pela sensibilidade da observação e pelo desejo de propor um novo olhar para a realidade. Na prática, acho que o resultado é uma arquitetura equi- librada, onde a prioridade é a generosidade e a proporção entre os espaços. Trabalhamos junto à engenharia para conquistar estruturas leves e inteligentes que confiram transparência e integração da arquitetura com o ambiente, seja ele natural ou urbano. Somos muito atentos à escolha de materiais, que são sempre utilizados de acordo com o melhor desempenho próprio. Há uma busca constante em construir o essencial. O fato de ter um irmão artista plástico no quadro so- cietário da empresa leva o escritório a desbravar novos caminhos dentro da arquitetura? Sim, com a entrada do João no escritório, há alguns anos, abriram-se muitos novos caminhos, principalmente no mer- cado imobiliário. Muitos incorporadores começaram a en- tender que a arte e o design gráfico podem contribuir para destacar a qualidades do projeto. Qual a fonte de inspiração do escritório? Temos uma forte inspiração na engenharia, na eficiência in- dustrial e ao mesmo tempo na competência e na diversidade infinita da natureza. A estrutura da asa de libélula nos interes- sa tanto quanto a de um guindaste de aço no porto. Fotos: Nelson Kon Parte integrante de uma reserva de Mata Atlântica original, na praia de Iporanga ( distante 120 km da cidade de São Paulo), a construção ostenta ares contemporâneos sem deixar de lado a harmonia com a natureza. A casa foi desenhada para ocupar 554 m² da área de 1.200 m². O briefing dos proprietários foi claro: preservar a vegetação que envolve a residência. “Foi um trabalho intenso e de aprendizado, porque desenhamos tudo com muita integração e troca de informações”, dizem os arquitetos da Nitsche.