Di Móveis - Edição 13 - page 20

ENTREVISTA
| MARCO ARTIGAS
20
| EDIÇÃO
13
FAU-USP
| JOSÉ MOSCARDI
DI Móveis
Você conheceu o seu avô?
MarcoArtigas
Não.Eu sempre faloque eleme conhe-
ceu e eu não o conheci.Porque quando elemorreu, eu
ia completar dois anos.
Mas você fez arquitetura por conta dele?
Não por conta dele, mas motivado pelo ambiente em
que cresci.Todos os amigos dele continuavam indo em
casa, como o PauloMendes da Rocha e o Pedro Pau-
lo Saraiva.Estávamos sempre convivendo.E eu também
gostava de desenhar. Essas coisas que já vinham de pe-
queno. Mas eu não tenho dúvida de que a influência
dele foi enorme para eu escolher arquitetura.Nunca tive
dúvida de qual profissão iria seguir.Foi muito natural.
E você acha que até hoje o seu avô continua influenciando a
arquitetura?
Não tenho dúvida. Muitos arquitetos ainda me man-
dammensagem destacando que a arquitetura precisa de
uma figura como oArtigas.Para eles,está faltando gente
que se exponha, que seja crítica, que fale e não tenha
medo. Hoje em dia, os arquitetos estão falando apenas
com a própria obra, não se posicionam politicamente
como na geração do meu avô.Talvez,muito por conta
da ditadura, teve toda uma questão que exigia mais po-
sicionamento. Mas, de qualquer forma, aquela geração
era mais politizada.Atualmente, os profissionais dizem:
‘mas se eu criticar, não faço um projeto’.Tanto que o
Artigas e o Niemeyer - que tinha uma formação mais
de belas artes - eram adversários.ONiemeyer não for-
mou geração, né? Ele era o Niemeyer e sempre foi.O
Artigas não.Ele era professor.Então,ele formoumilhares
de arquitetos e discípulos.O Paulo Mendes da Rocha,
quando faz projetos, coloca a cobertura que é parecida
com a da FAU/USP.Portanto, existe essa construção de
uma geração que o Niemeyer não teve. Eles não eram
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