Di Móveis - Edição 13 - page 22

ENTREVISTA
| MARCO ARTIGAS
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| EDIÇÃO
13
Professor emilitante político
Assimque se graduou engenheiro-arquiteto,JoãoBatista
VilanovaArtigas passou a se dedicar não apenas à idea-
lização de um ensino de arquitetura independente,mas
pôs amão namassa e começou a dar aulas.Foi professor
da então criada Faculdade deArquitetura e Urbanismo
daUniversidade de São Paulo, inicialmente instalada no
prédio da Escola Politécnica.Continuou lecionando no
atual prédio da FAU, projetado por ele em 1966 e con-
siderado sua obramais icônica.
JOÃO BATISTA
VILANOVA ARTIGAS
No entanto, a combinação do ensino com a política re-
sultou emumamistura explosiva – aos olhos daDitadu-
raMilitar brasileira – e ainda em 1964VilanovaArtigas
recebeu voz de prisão em plena sala de aula.Ele passou
12 dias preso e algunsmeses depois foi novamente indi-
ciado. Então, deixou de lecionar e decidiu exilar-se no
Uruguai.Artigas ainda voltou a dar aulas em 1967,mas
não por muito tempo.Foi compulsoriamente aposenta-
do dois anos depois,após a implementação doAto Insti-
tucional n° 5 (AI-5).
VilanovaArtigas não foi uma vítima de sua época.Ape-
sar de ser proibido de ensinar emilitar,nunca deixou de
manifestar suas ideias.Observar atentamente suas cons-
truções é o mesmo que fazer uma demorada reflexão
sobre o sentido de se construir.E isto ele conseguia de-
finindomuito bem os elementos estruturais do edifício
em construção.Artigas usava muito concreto armado e
vidro,oquepossibilitava ver doque a construção era fei-
ta e como ela se sustentava.Suas obras funcionam como
um instrumento de transformação social,capaz de susci-
tar discussões morais, culturais e democráticas.
Sua vida e suas obras continuam sendo referência para
o pensamento e a prática de arquitetura e urbanismo no
Brasil até hoje.
Além de se dedicar ao ensino,Vilanova
Artigas também se dedicava emuito à
militância política. Ele já vinha flertando
com os ideais comunistas desde quando
chegaram ao Brasil. E a relação foi
oficializada quando ele se tornoumembro
do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
RODOVIÁRIA DE JAÚ
| NELSON KON
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