Villagres - Edição 05 - page 28

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POR FÁB IO SABBAG
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O P O R T U N A P A R A
resolver problemas
OENTREVISTADODAVEZ
ACREDITAQUEAQUESTÃO
FUNDAMENTALDAARQUITETURA
ÉRESOLVERPROBLEMASE
QUEAQUALIDADE
IMPRESCINDÍVEL ÉSER
OPORTUNA. SEMPREÀ FRENTE
DOSEUTEMPO, OARQUITETO
CRIOU, DIFUNDIUERESOLVEU
COMPARTILHARENSINAMENTO,
LECIONANDOAMATÉRIANO
BRASIL EPELOMUNDO.
C
apixaba pelo cordão umbilical, nascido em
25 de outubro de 1928, em Vitória, Paulo
Archias Mendes da Rocha viveu desde me-
nino uma fluência aberta com a engenharia
intrínseca aomundo.Criado compensamen-
tos abertos, seu caráter arquitetônico não passou por podas
relevantes. Soube enxergar que onde é possível construir um
porto também é plenamente concreto montar um navio.
Com este exercício emmente, detectou cedo que a arquite-
tura existe para respirar ares de liberdade e matar a sede de
criatividade da humanidade.
Alguns anos depois, agora formado pela Faculdade de Arqui-
tetura eUrbanismo daUniversidade PresbiterianaMackenzie,
em1954,Mendes daRocha, a convitede JoãoBatistaVilano-
vaArtigas, encabeçou a chamadaEscolaPaulistada arquitetu-
ra brasileira. Nesta caminhada, ambos elevaram a Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
(FAU-USP), fundamentados em seus pontos de vista sociais e
humanistas. Página infeliz denossahistória, em1969, Artigas
eMendes da Rocha foram afastados de seus postos pela dita-
duramilitar, sendo reintegrados aos quadros da universidade
somente em 1980, depois da Anistia. Artigas morreu logo
após; Mendes da Rocha seguiu lecionando até se aposentar,
em 1999.
Sempasse demágica,mas na base do talento, viu sua carreira
chegar ao apogeu arquitetônico: em 2006 recebeu de forma
inequívoca o Prêmio Pritzker. Incansável na arte de produzir
efeitos com causa e semelhança,Mendes daRocha reflete seu
respeitona relação entre necessidade social e estética proposta
pelo homem. Não abre mão de construir DNA responsável
entreusuário eprojeto. Por princípio ético, alinha comfirme-
za seus pontos tecendouma rede leal junto aos anseios dama-
neira contemporânea.Consegue evitar, semgrandes conflitos,
as intempéries que podem surgir entre anatureza e ohomem.
Chegamos, acredite, ao paradigma de suas obras. Há de for-
ma exponencial em sua trajetória uma tangente sinergia entre
arquitetura e natureza. “São forças congruentes”, disse certa
vez. Suas obras criaram a identidade de atitude rígida, flechas
certeiras sobre o território almejado. PauloMendes daRocha é
autor doprojetodoPavilhãoOficial doBrasil naExpo70, em
Osaka, no Japão; esteve entre os finalistas premiados no con-
curso para o anteprojeto doCentroCultural Georges Pompi-
1...,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27 29,30,31,32,33,34,35,36
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